Em março de 2022, Gustavo Pranzetti Vieira Médico Veterinário e CEO da Veredas Agronegócio foi convidado para participar de uma matéria realizada pela Revista AG. Nessa entrevista ele teve a oportunidade de relatar pontos importantes que, muitas vezes, são negligenciados nas propriedades de cria.
O desmame é um ponto de alerta para as propriedades de cria, pois é nesse momento que os ajustes para o próximo ciclo devem ser realizados. “É momento de acertar o novo ciclo. Acertar o escore corporal da vaca, condição que está totalmente ligada a reprodução. É quando devemos diminuir a demanda de energia dela e retomar o escore corporal e fazer com que ela entregue um bezerro por ano” explica Gustavo Vieira. Sabemos que uma vaca com bom escore de condição corporal favorece os indicadores reprodutivos e além disso, em boas condições, ela é capaz de entregar bezerros de qualidade e mais rentáveis. “De acordo com estudos de nutrição intrauterina, começa uma série de boas notícias: a vaca mais nutrida tem bezerros nascidos mais fortes, com maior capacidade de ganho de peso e hipertrofia muscular e, consequentemente, maior rendimento de carcaça”.
Outro ponto é o olhar atencioso aos números e aos processos. “Quando se consegue botar número em tudo, a decisão é mais profissional, mais direta e mais incisiva. E as coisas conseguem andar mais rápido”, é o que explica Gustavo Vieira. Por isso, utilizamos a Inteligência Inttegra, uma ferramenta valiosa que permite observar dados confiáveis que são utilizados para tomar decisões buscando a excelência das empresas rurais. “Uma das métricas que utilizamos é remunerar o negócio em relação ao que vale a terra ou o rebanho. Conseguimos remunerar o rebanho a 20% e a terra a 5%. Quando se coloca em um pacote só, os rendimentos podem girar em torno de 20% a 22%, e o custo de oportunidade do dinheiro passa a ser interessante”.
A precocidade sexual é um fator que pode trazer ganhos para a propriedade de cria pois, novilhas de dois anos, que iriam para a recria, já podem ser expostas a reprodução com 12 a 14 meses. “Essa fêmea já foi desafiada aos 12 meses, já passou por uma seleção de fertilidade. Isso vai se repetindo com uma força gigante, quando ela não precisa mais crescer, e simplesmente emprenhar. Ela será mais competente, se começar mais cedo. Vários trabalhos mostram que, quando começa a sobrepor geração, eu pego uma fêmea que foi superprecoce e ela começa a ter filhos naquele rebanho, o ganho genético e de fertilidade é muito forte”, explica Gustavo Vieira. Além do ganho reprodutivo, os resultados financeiros são positivos para a empresa rural. “Os rebanhos de cria que usam mais a precocidade sexual, considerando os desafios nutricionais, conseguem entregar resultados entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil por hectare/ano”.
Esses foram apenas alguns pontos tratados dentro da entrevista para a Revista AG. Somos entusiastas da cria e acreditamos que propriedades de cria podem mudar o ciclo tradicional da pecuária brasileira. “Quem pode mudar o ciclo tradicional da pecuária brasileira é a cria. Com aumento de áreas agrícolas e a integração ganhando espaço, vai faltar bezerro. A cria é o segmento do futuro” afirma Gustavo Vieira.
Para atingir a excelência desse segmento é preciso buscar processos produtivos e gerenciais que estejam alinhados com a necessidade especifica da propriedade.